sábado, 6 de maio de 2017

Meu Lovo

Jorge Augusto Lima Barreto, meu Lovo, (e eu sua Lova) meu amigo amado, meu amor torto, amor desta vida e de muitas outras...
Lembro-me que nos conhecemos virtualmente, através de uma página no Facebook, onde ele procurava por velhos amigos deixados aqui na sua cidade natal. Uma amiga em comum me indicou como ponte para chegar a meu irmão, este sim seu contemporâneo, porém uma dessas pessoas que não havia se rendido às redes sociais.
Acho que caí de paraquedas na vida deste,  na época, cinquentão e agucei sua curiosidade, visto possuir uma memória privilegiada e não conseguir lembrar-se dessa pessoinha aqui.
Aos poucos fomos mantendo uma comunicação assídua no Facebook, comentando algumas postagens e rindo muito com o semelhante humor que descobrimos ter . Até que o face  se tornou inconveniente, precisávamos de mais privacidade porque havia questões pessoais a serem reveladas e esclarecidas. Passamos então a usar o WhatsApp. A principio buscávamos entender o porquê de não nos conhecermos, já que mantínhamos tantos amigos próximos e comuns aos dois.
Um belo dia,  eis que para na minha porta o carro de um desses amigos me trazendo uma surpresa: o próprio! Nem desceu, mas por um breve período de 10 minutos, conversamos, rimos, mantivemos afinal um contato visual, desencantando para além da virtualidade
À medida que o tempo foi passando, fui descobrindo coisas sobre sua saúde, infelizmente, bastante delicada : diabetes em alto grau, coração menos de 50% em funcionamento, extrema dificuldade de locomoção... (Então pude entender a razão da recusa em descer do carro quando me visitou). Em mim nasceu, a princípio, um sentimento de piedade, coisa que detesto sentir e que sintam por mim também, mas havia nele uma coragem, uma força tão grande de resistência, uma vontade tão imensa e intensa de viver que este sentimento se apequenou no meu peito e deu lugar a uma admiração sem medidas, um orgulho de ter alguém como ele ao meu lado e me dando tamanho exemplo de vida.
E foi assim que nos tornamos companheiros inseparáveis das horas insones, das dificuldades, dos internamentos, das crises de dores intermitentes, viramos confidentes (e inconfidentes) por quase quatro anos. Eu cuidava dele e ele cuidava de mim.Agora ele se foi. E agora existe um vazio na minha alma.
23/03/1957 - 24/03/2017

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